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Bolsonaro queria interferir em ministérios para melhorar relatórios, diz Ramos

O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que o presidente Jair Bolsonaro queria "interferir em todos os ministérios" para "melhorar a qualidade de relatórios de inteligência" recebidos por ele. Os

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.05.2020, 07:50:00 Editado em 13.05.2020, 07:55:39
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O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que o presidente Jair Bolsonaro queria "interferir em todos os ministérios" para "melhorar a qualidade de relatórios de inteligência" recebidos por ele. Os documentos foram alvo de críticas declaradas "de forma contundente" durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, segundo o general.

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Na mesma ocasião, o presidente disse que, a "título de exemplo", se ele não estivesse satisfeito com sua segurança pessoal realizada no Rio de Janeiro" poderia trocar "até o ministro" responsável.

"Para melhorar a qualidade dos relatórios, na condição de Presidente da República, iria interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados", descreveu Ramos. "O presidente afirmou "vocês precisam estar comigo" e que era necessária união para o Governo atingir seus objetivos".

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"Também foi dito pelo presidente Jair Bolsonaro, na mesma reunião do dia 22 de abril de 2020, que, a título de exemplo, se ele não estivesse satisfeito com sua segurança pessoal realizada no Rio de Janeiro, ele trocaria inicialmente o chefe da segurança e, não resolvendo, trocaria o ministro, e nesse momento, olhou em direção ao ministro Heleno", continuou o ministro.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sob comando do ministro Augusto Heleno, é a pasta responsável pela segurança do presidente e seus familiares.

De acordo com Ramos, a escolha deste "exemplo" por Bolsonaro pode ter levado a uma "interpretação equivocada por parte de algum ministro, incluindo o ex-ministro Sérgio Moro".

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Solução intermediária

No dia seguinte, 23 de abril, Moro se reuniu com Ramos, Heleno e Walter Braga Netto (Casa Civil) para informar que o presidente lhe havia dito que trocaria o comando da Polícia Federal, e acrescentou que isso ocorresse, ele deixaria o governo.

À tarde, Ramos disse que fez uma ligação para Moro, sem o conhecimento de Bolsonaro, para perguntar se ele aceitaria uma "solução intermediária", em que fosse apresentada uma lista com outros nomes que pudessem ser levados para o presidente. Moro disse que iria verificar e retornou, uma hora depois, afirmando de forma "contundente e clara" que indicaria apenas o nome do delegado federal Disney Rosseti, número dois da PF na gestão Maurício Valeixo.

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"E que além disso (Moro) não aceitaria mais ouvir falar em troca de superintendentes ou de Diretor Geral", disse Ramos.

Ramos disse ter ficado "surpreso" com a menção a superintendentes "porque o presidente nunca falou sobre essa troca em reuniões ministeriais em que esteve presente".

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Segundo o ministro, como Moro apresentou apenas um nome "e pelo teor da conversa", ele compreendeu que "não haveria solução para o problema". Por isso, não consultou o presidente sobre o assunto e nem retornou ligações do ex-ministro.

Mudança de versão

Luiz Eduardo Ramos mudou sua versão no depoimento à Polícia Federal sobre declarações do presidente Bolsonaro envolvendo a troca de comando da corporação.

Inicialmente, o general afirmou que "não foi mencionado pelo Presidente que se não pudesse trocar o Diretor Geral da Polícia Federal ou o Superintendente da Polícia Federal no Estado de Janeiro, ele trocaria o próprio ministro". Eduardo Ramos pediu, ao fim do depoimento, para substituir o termo "não foi mencionado" por "não se recorda se foi mencionado".

A mesma mudança de versão foi feita em trecho que diz: "na presença do depoente, isso não foi dito na reunião do dia 22 de abril ou em qualquer outro momento". O ministro mudou seu depoimento para: "não se lembra se na presença do depoente isso foi dito na reunião de 22 de abril ou em qualquer outro momento".

A defesa do ex-juiz Sérgio Moro se opôs à mudança, afirmando que ela "configura uma alteração material".

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