A gente torce para a vida acabar, mas não deveria

Da Redação ·
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fonte: Pixabay

Senhoras e senhores, caros leitores e leitoras, nesse sábado dia 16 de março, completo meus 36 anos de vida. E de repente, assim de bobeira, sou quase um quarentão – e para ser sincero, isso não me incomoda em nada. De repente, estou mais próximo dos 50 do que dos 20 e poucos, e isso quer dizer muita coisa. 

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Percebi que cada ano que completo não se trata de uma singularidade, mas da soma de todos os outros. Não sou um homem de 36 anos como aqueles que imaginava quando eu tinha 16. Eu sou o pequeno Gui de 8 anos que sem querer botou fogo na cortina da sala ou aquele de 17, que achou que conquistaria o mundo com sua banda de rock. Entendi, pouco a pouco, e venho entendendo, que sou a soma de muitos eu, não o que sou agora. Ou, deixando ainda mais complicado, eu sou agora o que sempre fui, com um bocado do que ainda serei. 

Às vezes a gente fica com tanta pressa de conquistar as coisas que deixa de ver que hoje é o sonho de ontem. Um passo de cada vez mais rápido em direção ao fim, seja do ano, da doença, do curso e claro, da vida. O que define você não é como é hoje, nem como foi, nem como será, mas a soma de tudo isso. Cada dia mais me preocupe menos com a minha imagem externa do que aquilo que eu farei com a minha vida, do que farei com ela. 

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Quando alguém vai te visitar e ela está perdida, a primeira coisa que se pergunta é aonde ela está, pois só assim é possível achar o caminho. Mas como descobrir onde estamos? Simples, olhar de onde se veio, mas também daquele exato local, seja pelo nome da rua ou alguma referência. Infelizmente para a vida, não há GPS que baste. 

Confie em mim, caro leitor e leitora, eu ainda estou perdido demais para saber onde estou, mas estou atento a cada detalhe para entender quem sou eu neste lugar. A resposta da pergunta quem sou eu, pode parecer fácil, mas é uma das mais difíceis, por isso tenho a feito a todos aqueles que entrevisto nas quintas-feiras a noite. Eu ainda não tenho a minha resposta, pelo menos não a definitiva, mas esbocei algumas tentativas. 

Quero ser antes do profissional, um pai. Hoje entendo que trabalho porque amo a profissão, mas em nada se compara com a paternidade. Posso perder o emprego, ser substituído e mudar de área, nenhuma dessas opções valem para os meus filhos. Quero ser alguém ativo na sociedade, contribuindo para a evolução das relações sociais e do bem-estar social, que pode ser respeitando uma fila e dando o exemplo, ou ocupando funções específicas. Tenho muito ainda para descobrir sobre o meu papel neste mundo, mas tenho certeza de que todos os meus eus, vibram ansiosos pela resposta, que é dada um pouquinho a cada dia, um capítulo por vez. Não esperarei o fim da história para começar a ler o livro, afinal, é um privilégio poder acompanhar essa viagem do banco da frente. Pegue o seu volante, dirija com cuidado, mas não deixe de admirar a paisagem. 

Feliz Aniversário para mim, é o que eu desejo.