ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ex-deputado federal Rodrigo Bethlem foi alvo nesta terça-feira (15) de mandados de busca e apreensão em desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio.
Ex-secretário municipal de Eduardo Paes (PMDB) e atualmente aliado do prefeito Marcelo Crivella (PRB), ele é suspeito de intermediar propina paga por empresários de ônibus a políticos.
Bethlem foi ouvido na Polícia Federal e teve os sigilos bancários, fiscal, telefônico e telemático (e-mails) quebrados por determinação do juiz Marcelo Bretas.
Mensagens de celular e e-mails interceptadas pelo Ministério Público Federal na Operação Ponto Final, que prendeu empresários de ônibus, levaram os agentes a suspeitar de Bethlem.
O ex-deputado enviou mensagem em 28 de dezembro a Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor (federação das empresas de transportes), que está preso, dizendo para que "tranquilizasse a 'turma', pois o esquema seria supostamente mantido, ao que tudo indica, pela atual administração municipal", diz a Procuradoria.
"Meu amigo garantiu que se o atual fizer ele mantém. Entendeu?", escreveu Bethlem a Teixeira, pouco após pedir um encontro "urgente".
Uma das suspeitas é que a mensagem seja endereçada ao empresário Jacob Barata Filho, também preso na Ponto Final. Há diversos e-mails que indicam reuniões frequentes entre os dois.
Já no dia 2 de janeiro, ele afirma a Teixeira que "este vice vai dar muito trabalho", em referência ao vice-prefeito Fernando MacDowell que assumiu a Secretaria Municipal de Transporte.
Engenheiro indicado pelo PR para a vaga, MacDowell vetou o reajuste contratual da tarifa de ônibus este ano e tem protagonizado embates com as empresas do setor.
"Ele que criou caso. Os dois tinham se acertado", escreveu o ex-deputado.
Bethlem teve forte atuação tanto no governo Sérgio Cabral (PMDB), preso desde novembro, como na gestão Eduardo Paes (PMDB). No Estado, foi secretário de Governo. No município, era uma espécie de braço direito do ex-prefeito na Ordem Pública e, depois, na Assistência Social.
Bretas afirmou em sua decisão que as suspeitas sobre ele reforçam a tese de que exista "uma extensão da organização criminosa" do PMDB do Rio na capital.
Paes rompeu com o ex-aliado após a divulgação de gravações que indicavam que ele mantinha contas na Suíça.
OUTRO LADO
Em nota, Paes afirmou que a operação "não guarda qualquer relação com o período em que Rodrigo Bethlem foi secretário do governo do ex-prefeito".
A gestão Crivella, por sua vez, declarou em nota que "repudia com veemência as insinuações descabidas de qualquer possibilidade de escândalos no setor de transporte do governo anterior ter continuado na atual gestão".
A prefeitura disse ainda "que no mês passado conseguiu impedir novamente o aumento da tarifa de ônibus urbanos do município, contrariando a reivindicação dos empresários".
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