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'Não é porque tenho cabelos brancos que vão me respeitar', diz Jair Ventura

ALEX SABINO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O treinador de 38 anos sabe o momento da afirmação. Foi quando deixou de ser, para os olhos da maioria, o filho de Jairzinho, o Furacão da Copa de 1970, para ser Jair Ventura, técnico do Botafogo. Efetivado no carg

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 16.08.2017, 07:05:09 Editado em 16.08.2017, 07:05:09
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ALEX SABINO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O treinador de 38 anos sabe o momento da afirmação. Foi quando deixou de ser, para os olhos da maioria, o filho de Jairzinho, o Furacão da Copa de 1970, para ser Jair Ventura, técnico do Botafogo.

Efetivado no cargo no ano passado, ele consegue tirar o máximo de um clube de recursos financeiros limitados.

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Está nas quartas de final da Libertadores. Nesta quarta (16), às 21h40, comanda o time contra o Flamengo, pelas semifinais da Copa do Brasil. Um rival que investiu muito em reforços e tem, ao lado do Palmeiras, o elenco mais caro do futebol nacional.

Em entrevista à reportagem, Ventura descarta a experiência como medidor da competência, contesta quem o vê como técnico de ascensão meteórica e sonha com um título de expressão pelo clube em que seu pai, um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro, fez história.

REPORTAGEM - Você levou o Botafogo às quartas da Libertadores e à semi da Copa do Brasil. Até onde esse time pode chegar?

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JAIR VENTURA - Não penso para frente. Posso garantir a performance. Não posso garantir o resultado. A única coisa que é possível garantir é que a gente vai dar o máximo em campo. Tem sido assim desde que eu assumi, no ano passado. Quando você trabalha honestamente e dá o seu melhor, o melhor acontece.

R - Se o resultado não é o mais importante, como medir o sucesso do seu trabalho?

JV - Vamos continuar assim e no final do ano a gente vai ver.

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R - Você vai enfrentar na semifinal o elenco mais caro do Brasil, ao lado do Palmeiras. O seu time tem futebol sólido, mas não chega perto de ser caro como o do Flamengo. Dinheiro faz diferença?

JV - Ajuda em qualquer segmento da vida. Se você vai abrir um restaurante e investir R$ 16 milhões e o meu vale R$ 3 milhões, tem tudo para o seu restaurante dar mais certo que o meu. No futebol não é diferente, só que não é uma ciência exata. Quando começa o jogo, não há discrepância salarial.

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R - É uma questão de vontade?

JV - Eu sempre digo para os atletas que o rival não pode ter mais vontade que a gente. De alguma maneira, nós vamos igualar esses jogadores caríssimos que vamos enfrentar e fazer isso com uma equipe organizada, de muita entrega. É assim que conseguimos levar o Botafogo longe.

R - A impressão é que os jogadores acreditam cegamente no que você fala.

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JV - Eu sou um cara simples. Falo a verdade sempre. Os maiores responsáveis são os jogadores. Eles compram a ideia e executam da melhor maneira. Não resolve nada eu ter grandes ideias se eles não acreditarem. São os jogadores quem deixam a última gota de suor em campo.

R - Por seu pai ser quem é, o título do Botafogo valeria mais do que por outros clubes?

JV - Não tem como dizer que não é importante. Tenho carinho enorme pelo Botafogo. Seria muito importante coroar esses nove anos de casa com um título. Mas não posso ser incoerente porque falei que penso jogo a jogo. Quem sabe com essa filosofia não vamos chegar ao grande momento?

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R - Você é um técnico jovem. Idade pesa para comandar?

JV - Zero. Idade não pesa nada. [Ser jovem] É até facilitador por eu estar mais próximo da realidade que eles vivem hoje. A gente pensa igual.

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R - Vocês pensam igual, mas o treinador não pode agir igual.

JV - Eu me preparei por 12 anos. Essa é a diferença. Meu primeiro clube foi em 2005.

R - Preparou-se como?

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JV - Estudei. Foram nove anos como auxiliar-técnico, treinador do sub-20, auxiliar na seleção brasileira sub-15, sub-17 e sub-20, fiz cursos de gestão, psicologia, coaching, outros idiomas... Falo inglês e francês. Sou um cara que busco estudar e me aprimorar não só como profissional, mas como pessoa. Isso me dá chance de ajudar meus atletas. Não é porque eu tenho cabelos brancos que vão me respeitar. Eles vão comprar minhas ideias se eu for um cara sincero.

R - A impressão é a de que as pessoas te veem em um grande clube e não sabem o quanto ralou?

JV - Parece que foi rápido, né?

R - Você hoje é visto como Jair Ventura, não apenas como o filho do Jairzinho?

JV - Sim. Carrego peso grande por ser filho dele e por ter jogado futebol. Parei com 26 anos. Eu era atacante. As comparações eram inevitáveis.

R - Como técnico é mais fácil?

JV - É outra função. Eu busquei meu espaço. Saí de casa aos 16 anos. Poderia hoje ser apenas o filho do Jairzinho e cuidar de algumas situações para ele, o que já seria maravilhoso.

Agradeço a Deus todos os dias por essa bênção que Ele me deu. Mas eu fui buscar meu espaço. Primeiro como jogador e agora como treinador. Ainda estou apenas engatinhando.

R - Você disse que te incomoda a presença de técnicos estrangeiros, como Reinaldo Rueda, contratado pelo Flamengo.

JV - Problema não é o Reinaldo Rueda. O que me incomoda é ver a desconfiança que os treinadores brasileiros encontram no exterior. Não tenho nada contra técnicos estrangeiros trabalhando no Brasil.

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