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Polícia do Rio indicia madrasta acusada de envenenar enteados com chumbinho

A Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou nesta quinta-feira, 7, o indiciamento de Cíntia Mariano Cabral, de 49 anos, presa sob suspeita de matar sua enteada envenenada e tentar matar seu enteado da mesma forma. O inquérito foi encaminhado para o Ministé

Fábio Grellet (via Agência Estado)

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Escrito por Fábio Grellet (via Agência Estado)
Publicado em 07.07.2022, 20:49:00 Editado em 07.07.2022, 20:55:44
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou nesta quinta-feira, 7, o indiciamento de Cíntia Mariano Cabral, de 49 anos, presa sob suspeita de matar sua enteada envenenada e tentar matar seu enteado da mesma forma. O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público do Estado do Rio, que vai analisar se denuncia Cintia à Justiça, arquiva o caso ou pede a continuidade da investigação. Ela está presa desde 20 de maio.

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No dia 15 daquele mês, Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, almoçou na casa que seu pai, Adeílson Cabral, dividia com a então mulher, Cintia - Adeílson era separado de Jane Cabral, mãe de Bruno - em Padre Miguel, na zona oeste do Rio. O adolescente passou mal após a refeição - ele reclamou do gosto do feijão e estranhou a presença de uma substância azul.

O adolescente se sentiu zonzo, ficou molhado de suor e logo não conseguia mais falar, com a língua enrolando. Foi internado no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo (zona oeste do Rio), e conseguiu se recuperar da intoxicação - teve alta quatro dias depois.

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Cintia foi presa no dia 20 sob a suspeita de tentar envenenar o enteado. Inicialmente ela afirmou à Polícia Civil que a substância azul detectada no feijão era um tempero industrializado para alimentos. Depois, em depoimento oficial e acompanhado por advogado, manteve-se em silêncio.

A partir da suposta tentativa de matar o enteado, a madrasta começou a ser investigada também pela morte da irmã de Bruno, Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos. Ela morreu em 28 de março, após apresentar sintomas semelhantes aos do irmão e passar 13 dias internada no mesmo hospital.

Quando ela chegou à unidade de saúde ainda não havia suspeita de envenenamento, por isso não houve tratamento imediato específico para isso. O corpo de Fernanda foi exumado em 26 de maio e os exames realizados pelo Instituto Médico Legal foram inconclusivos, devido ao tempo passado desde a morte. Mas, segundo a polícia, o conjunto de informações permite concluir que ela foi envenenada.

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A perícia indicou que Fernanda foi vítima de intoxicação por algum inibidor da enzima acetilcolinesterase, fundamental para a propagação do impulso nervoso. Esse tipo de inibição é produzida por carbamatos (substâncias popularmente conhecidas como chumbinho) e pesticidas e causa exatamente os sintomas apresentados por Fernanda e Bruno.

Também foi feito exame do material gástrico de Bruno, que identificou dois tipos de pesticidas no estômago dele.

O delegado Flavio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo) e responsável pela investigação do caso, concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira e comentou a conduta da madrasta quando o enteado reclamou do gosto do feijão. "Chama muita atenção a indiciada recolher o prato de Bruno e levar ao cooktop, apagar a luz e servir mais feijão. Como isso vai passar despercebido? Quem de nós faria isso em nossa casa se reclamássemos do gosto amargo da comida? Quando alguém reclama de gosto, geralmente joga a comida fora. Mas ela recolhe o prato e serve mais feijão. E só o garoto reclamou do gosto do feijão. Foi o primeiro evento que chamou a atenção", afirmou.

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O delegado também citou os depoimentos prestados por dois filhos biológicos de Cíntia, que afirmaram ter ouvido dela a confissão do crime. "Lucas fala: Minha mãe me confessou em uma conversa que tive com ela que envenenou o Bruno e a Fernanda há dois meses porque não queria dividir a atenção do companheiro. Minha mãe confessou isso para mim. Há 21 anos na polícia, eu nunca tinha visto alguém vir a público pedir justiça por um crime praticado pela própria mãe", afirmou.

O Estadão procurou a defesa de Cintia para que se pronunciasse sobre o indiciamento, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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