Um homem de 58 anos morreu, na tarde de anteontem (10), após ser atingido por um raio em Sarandi (norte do Paraná). O número de acidentes com raios vem chamando atenção. Em Matinhos, no litoral do Estado, um banhista também morreu após ser atingido por uma descarga elétrica. A probabilidade de ser atingido varia conforme a incidência do fenômeno. Para se ter uma ideia, a cada 10 minutos, uma raio atinge os municípios da região de Apucarana (norte do Paraná). Nos 27 municípios do Vale do Ivaí mais Arapongas foram 56.894 registros no ano passado - , segundo levantamento feito a pedido da Tribuna do Norte ao Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
A quantidade de descargas varia de ano a ano. O registro de raios nos municípios da região diminuiu expressivamente entre 2015 e 2016, passando de 116.932 descargas atmosféricas para 56.894, o que representa uma queda de 51%. O levantamento mostra ainda incidência maior em determinados municípios, reflexo tanto do tamanho da área do município quanto das questões climáticas.
Segundo o Simepar, o município Faxinal concentra o maior número de raios nos últimos anos. Somente no ano passado foram 5.885 registros – ou seja, a cada dia 6 descargas, em média atingiram o município. Para ter uma noção, no ano anterior, foram 10.439. Na contramão, Godoy Moreira registrou a menor atividade elétrica, com 797 registros. Em 2016, também foi o município com menos incidência de raios, 1.610. Mauá da Serra e Arapuã também estão no fim da lista entre os municípios com menor incidência do fenômeno atmosférico, com 992 e 804 respectivamente. Na outra ponta aparecem Apucarana com 3.966, seguido de São Pedro do Ivaí com 2.832.
Comportamento climático atípico
O meteorologista Marco Jusevicius, do Simepar, observa que a queda da incidência do fenômeno no ano passado é um reflexo do comportamento climático atípico de 2015. Em 2015, todos os municípios apresentaram um aumento significativo de atividade elétrica. Apucarana, por exemplo, registrou 7.964 fenômenos.
No ano seguinte, o município apresentou uma redução de 50%. “No ano passado, a incidência de raios voltou a ficar dentro do nível esperado. No caso de 2015”, comenta. O meteorologista afirma que seria preciso um estudo mais aprofundados para explicar porque 2015 foi um ano atípico. “Não foi registrada nenhuma mudança climática que pudesse ser associada a esse fenômeno”, diz.
Fatores geográficos e áreas de instabilidade
Sobre a maior incidência em determinados municípios, caso de Faxinal, o meteorologista Fernando Mendes, do Simepar, explica que a concentração do fenômeno pode estar associada a alguns fatores, como geográfica e área de instabilidade. “Relevos e encostas de serras impulsiona o desenvolvimento de nuvens densas, com raios”, explica. Outra possibilidade, segundo o especialista, são as linhas de instabilidade que estão associadas as zonas de baixa pressão, como da Argentina. As nuvens quando se formam nessas zonas frequentemente são associadas a descargas elétricas e trovoadas mais intensas. Esse fenômeno é mais comum no verão e na primavera.
Proteção
Segundo o meteorologista Marco Jusevicius, o modo mais seguro de se proteger em relação aos raios é ficar totalmente isolado do ambiente externo em uma situação de tempestades. “Isso se faz buscando proteção nessas situações no interior de edificações de alvenaria, com janelas e portas fechadas e evitando o contato com equipamentos que possam ser atingidos por surtos que percorram as redes elétricas e telefonia fixa (cabeada)”, orienta. Caso não seja possível, de acordo ele, outro abrigo seguro em situações de tempestade com raios é no interior de veículos de capota rígida, também com as portas e os vidros fechados.
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