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Carta Aberta de Luto - Só morremos quando somos esquecidos; saiba mais

Gabriel é daqueles alunos – e digo é, pois, a morte não muda o fato de tudo que ele significa para cada um de nós – que marcam positivamente

Da Redação ·
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fonte: Pixabay- ilustração

Na tarde do dia 09 de agosto de 2022, em uma reunião comum do colégio, discutindo temas corriqueiros de organização de eventos e a programação do colégio, recebemos a pior notícia possível: perdemos um aluno.

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Ainda tento entender tudo o que aconteceu, mas por enquanto, tudo que temos é dor.

Quando nos tornamos professores, acabamos vivendo muito mais do que matérias e provas, dividimos a capacidade de sonhar e planejar. E assim, de forma besta, os planos se vão.

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Gabriel é daqueles alunos – e digo é, pois, a morte não muda o fato de tudo que ele significa para cada um de nós – que marcam positivamente. Educado, sempre se mostrou amigo de todos, inclusive dos professores.

Não gostaria de escrever algo tão pesado, mas não o fazer para mim seria trair a tudo que acredito. Tenho escrito há tanto tempo sobre a importância da relação entre alunos e professores, sobre a capacidade de enxergar o melhor em cada um deles, de construir pontes seguras para a formação do indivíduo, sobre a necessidade de um olhar mais humano sobre a educação... Não escrever sobre essa triste situação seria não o honrar neste momento.

Escrevo essas tristes linhas tentando não chorar, pois na semana passada, um dia antes da queda de bicicleta, conversamos na sala de aula sobre a universidade e o curso que pretendia fazer vestibular. Como um bom nerd, eram os softwares que o encantavam. Um garoto tão jovem, cheio de planos, amado por todos, com a vida interrompida de maneira abrupta, tão difícil de acreditar.

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Não há palavras para expressar o sentimento de impotência que ficamos neste momento.

É normal que nossos alunos se vão, mas não assim. Sempre digo que o final do Ensino Médio é sobre uma perda para nós professores, pois nos tornamos também um pouco pais e mães desses que passam tantas horas, dias, semanas e anos conosco. Mas sempre temos a esperança do retorno, na visita ou já como pais, o que nos engrandece ainda mais.

Como professor eu sofro, mas como pai eu não consigo sequer imaginar.

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Com todo respeito e empatia, me coloco a disposição para ao menos estar ao lado, ainda que não consiga falar nada, pois o engasgo cala qualquer palavra.

Que Deus possa receber o nosso anjo Gabriel.

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Aos pais, rogo ao nosso grande Pai que acalme o coração neste momento, que lhes dê força para enfrentar esse momento.

À irmã, que foi também minha aluna, que possa se sentir abraçada neste momento, que saiba que não está sozinha, que o Gabriel tinha – e tem – tantos outros irmãos e irmãs que são também dela e estarão sempre ao seu lado.

Aos meus alunos do Terceiro Ano do Colégio Platão, não só eles, mas todos que conviviam e amam o nosso querido amigo, digo que sua carteira nunca estará vazia e nunca será ocupada por outro.

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Gabriel dividiu experiências e sonhos com cada um de vocês, carregarão para sempre a centelha de vida que ele nos deu. Honrar o nosso amigo, será viver os planos que fizemos juntos, pois cada conquista será também dele.

Ao meu aluno Heitor, a qual eu chamava carinhosamente de B2, pois ele e o Gabriel formavam a dupla dinâmica, os Bananas de Pijama, não apenas pela irmandade, mas até pela semelhança física, rezo para que se mantenha firme e saiba que como sempre, ele estará ao seu lado. E nós estamos aqui para apoiar quando precisar.

À minha doce Beatriz, que sempre amiga dele, tornou-se mais que isso nos últimos meses, que Deus a mantenha firme na caminhada. Você o protegeu e o acompanhou até o último momento, nunca se esqueça disso. Guarde isso com você, o quanto você foi e é importante não só para ele, mas para todos a sua volta. Queria ter dito isso ontem, mas só conseguia abraça-la, pois quero que saiba que não está sozinha. 

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Sei que escrevo não apenas em meu nome, mas de toda a equipe do Colégio Platão de Apucarana. É o que sentimos todos, pois não perdemos apenas um aluno, mas uma peça importante de nosso quebra-cabeça, que para sempre estará incompleto. Em nome dos diretores Osvaldo Massaji Ohya, José Fernando Perini e Pedro Zumas, dos nossos coordenadores Olavo Pinheiro e Luciano Molina, de todos os professores e funcionários, de todos os colegas e atletas, expressamos nosso pesar pela perda tão prematura de uma alma doce, que agora nos acompanha lá de cima, como um verdadeiro anjo Gabriel.

Em uma semana demasiadamente triste, perdi também meu Irmão de profissão e de Loja, o querido professor OswaldoPlinio Stroher. Em um acidente similar, contudo, sem a possibilidade de ao menos nos despedir.

Quando nos falta também o professor, enquanto alunos, também sofremos, pois na contramedida, eles também se tornam nossos pais e orientadores.

Rogo também que Deus abençoe sua família e amigos, principalmente, a esposa e o filho. Só Ele sabe a falta que ele nos fará.

Queria muito ter escrito um texto diferente nesta semana, mas a urgência da vida nos coloca diante de situações que mudam completamente os nossos planos. Que possamos encontrar forças necessárias para continuar, pois a melhor forma de homenagear os entes queridos que “perdemos”, é manter sua memória viva em cada ação que realizarmos.

Noutra esfera, sei que agora olham por nós e por aqui faremos de tudo para honrarmos suas memórias. Só morremos quando somos esquecidos, e sem dúvida, Gabriel e Oswaldo, estarão sempre vivos em cada um de nós.

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